segunda-feira, 1 de março de 2010

OS ANOS 00




2009 - 2010

A Ruptura do Improvável.
É como se fossem as páginas de um caderno onde se vai registando a improvavilidade quando ela acontece e se traça um caminho entre a pintura figurativa e o abstraccionismo formal, tendo em conta diversidade no modo de fazer. Neste conjunto de notas sobre o que vai acontecendo o que interessa é precisamnte o que acontece.
É ténue o limiar entre a realidade e a abstracção, ou melhor dizendo: ambas são referentes de um mesmo contínuo.

O Rio de Cima, 2009, Óleo sobre tela,100 x 80

O rio fechou a cidade na tentativa de simetria. Na cidade dos homens, o rio em baixo procura arremedo de espelho lá no cimo. Tem verticais, muitas verticais para dizer que sobe e que vai chegar lá alto. A cidade dos homens é assim: procura sempre o rio de cima.

O Aqueduto Falhado, 2009. Óleo sobre tela, 90 x 70















O Palácio   Desembrulhado  , 2009, Óleo sobre tela, 90 x 70

A torrente passa ao lado, que é modo de dizer: passa por baixo. O aqueduto não conduz água. O aqueduto vindo de lado nenhum e indo para lado algum, nem sequer ponte pode ser. Altaneiro,  agigantado mostra-se inútil. O aqueduto falhou.

Das mil e uma cores desembrulhado, o palácio ficou sem sítio para estar. Que é feito do jardim do lago espelhado, das alamedas, do calor e das sombras refrescantes?! Assim sózinho, o palácio não tem sítio para estar.  Que é feito das mil e uma noites do palácio, do palácio desembrulhado?!

A Festa no Bosque, 2009, Óleo sobre tela, 100 x 80








Todos os enfeites: serpentinas, confeitos e balões, tecidos e muitos artefactos, mais lindas coisas e muitas delas foram levadas par o bosque e tudo lá se deixou. É a festa do bosque, muito bonita e há muito celebrada em todos os arredores.

Pela noite adentro de tudo se falou. Concepções tautológicas do mundo  dá-me a garrafa, visões filosóficas, mesmo teosóficas, passa-me aí o copo. Noite adentro tudo era possível, mais um pouco de vinho e o amanhecer seria definitivamente diferente no dia seguinte igual ao sempre igual.




Pela Noite Adentro, 2009,Óleo sobre tela, 100 x 80
A Biblioteca, 2009, Óleo sobre tela, 100 x 80
O livro sobre a mesa não se pode ler, não está escrito. Os objectos não têm sombras próprias nem projectadas. O candeeiro ilumina as  superfícies mais afastadas. A figuração quebra-se nas perspectivas múltiplas. A biblioteca guarda a memória de si mesma.




As Portas do Armário, 2009, Óleo sobre tela, 100 x 80
O Cais Naufragado, 2009, Óleo sovbre tela, 100 x 80

Pasmado de tanto olhar, o cais naufragou o que foi notícia em tudo quanto contou o episódio por todos falado. E ele caíu no fundo, mais o horizonte que é seu e olha pasmado para o que o cerca. O destino do cais é olhar o mar.

De noite as portas do armário dão para a cidade. Acontece! Para a cidade obcessivamente iluminada em cada uma das janelas. Do rio parado sobe a névoa esverdeada dos limos e tinge os céus. Pois é: à noite as portas do armário dão para a cidade.


















A Porta para a Escada, 2009, Aguarela sobre tela, 100 x 80
Paisagem Quebrada, 2009, Óleo sobre tela, 90 x 70


É a porta para a escada que não sobe, ela a porta que não abre. O que estava à volta e o que estava além, interpenetraram-se e a escada e a porta são agora tão-somente presenças diluidas na paisagem indefinida. A porta e a escada são meras abstracções de si mesmas,

Uma vez, à noite a paisagem partiu. O que havia antes perdeu sentido e o vale apresenta-se ufano e conta com firmeza a história do seu estar assim. Do antes guarda a nitidez das cores. Do agora mostra as fracturas que o definem.




O Ornato Deslocado, 2006, Óleo sobre tela, 30 x 40







A Nascente, 2006, Óleo sobre tela, 30 x 40





Sem Horizonte, 2006,òleo sobre tela, 30 x 40
referèncias à pintura em páginas da internete
hiperligações em baixo