quarta-feira, 24 de março de 2010

OS ANOS 10

2o10 - 2011

Homem Apagado
 " O (u), art. def. masc. sing. quando junto de um substantivo que determina; pron. dem. quando equivale a isto, aquilo e aquele; pron. pess. quando está junto de um verbo, em vez de ele. (Lat. Illu)."
Nos anos 10, o título indefinido de uma série que se constitui como direcção de trabalho, tratando a figura humana na presença visível das variantes  que a caracterizam e que se pretende que explicitem  o seu conteúdo.
Pretende-se, a partir do indefinido presente nas figuras,  concretizar  O pronome demonstrativo e muito  pessoal, deixando que o essencial  se apague perante o acessório, ganhando este força de essência. O Homem Apagado.

À Janelas, 2010, Lápis sobre papel, 100 x 70


O Homem do  Chapéu, 2010, Lápis sobre papel, 71 x 1000


O Homem Cansado, 2010, Lápis sobre papel, 71 x 100
Intencionalmente assim. Grafite sobre pape, l21x 29,7   2011




Le Voyeur. 2011. Grafite sobre papel, 40 x 60
 
Será. 2011. Grafite sobre papel, 21 x 29,7

Unum. 2011, Grafite sobre papel, 50 x 70








O homem gostava de sombras!
Ele explicava que o excesso de definição prejudica o entendimento.
Dava como exemplo a folha branca de papel que sob o sol intenso não serve, nem para guardar a sombra da tinta com que se escreve. Dizia que nas sombras se encontram os mundos que dão a ver o que de outra maneira nunca saberíamos. Dizia que apagando as evidências se alcança a ausência onde vagueiam as emoções, onde se situa a possibilidade do que se anseia.



O Homem das Sombras. 2010 Óleo sobre tela. 100 x 80


Assim Será. 2011 Grafite sobre papel, 40 x 6o



A bem dizer, é estranheza colocar a percepção emocional na emergência das sombras. É como se a essência das coisas aí se encontrasse, o que de facto não acontece.


A Paisagem dos Homens. 2011. Óleo sobre tela. 87,5 x 146,5

Mas o homem dizia que não era nada de isso. E dizia que falava, sim, da liberdade da essência das coisas, na dimensão tautológica de um instante único, transitório e indizível. O discurso sonegado, o que não é dito dentro do que se diz, é o não explicado que nos permite dissolver na ausência de limites.
Poisado e Protegido. 2011. Óleo sobre tela., 80 x 120


Com certeza 201 Grafite sobre papel, 40 x 60

 
      De acordo, mas não me parece muito pensável o apagamento na indefinição e no amorfismo.


  O homem dizia então: o pensamento lógico é claro e incisivo. Impossibilita o devaneio. Não é disso que falo.

 Falo das sombras que pela calada da ausência se aproximam, apagam as diferenças, se integram na imensidão de todos os mistérios, na celebração de todos os rituais, na vastidão do impossível. Aí se inscreve a verdade emocional; quer nos azuis gélidos que se aquecem nos ocres, nos verdes friorentos que vão para índigos subtis; quer nas púrpuras de luxúria que se tingem de carmins de tragédia.

Retrato com Moldura. 2010. Óleo sobre tela. 100 x 80

Imperceptíveis variações, transições suaves e nunca declaradas, mundos mergulhados na serenidade de situações ambíguas que tudo permitem e nos libertam na imensidão, lá onde se gera e se aninha a poética. É só deixar que as ambiguidades se afirmem, se apaguem os referentes, se percorra o indefinido. A libertação situa-se aqui, no movente discurso das sombras estendidas como lugares de encenação mágica, dizia o homem.



                       Homo Ludens. 2011. Óleo sobre tela. 120 x 80

Espantalho Inútil. 2011. Óleo sobre tela. 120 x 80


A Sibila. 2011. Grafite. sobre papel, 21 x 29,7 

 




Introversão. 2011. Grafite sobre papel, 40 x 60 

 
Unum et Idem. 2011  Óleo sobre tela 80 x 120   

A Árvore Sozinha. 2010. Óleo sobre tela. 120 x 80


O Homem Apagado. 2010. Óleo sobre tela. 100 x 100


Pintura de grande intensidade cromática, a figuração do O Homem Apagado apresenta-se sempre frontal gerando um equilíbrio de estabilidade acentuada. Indo do mais claro ao mais escuro, mergulhando nas sombras porque pintado do claro para o escuro, não indica pormenores, assumindo~se como síntese visual.
O desenho, pelo contrário, desleixando o campo onde se inscreve, analise o detalhe das superfícies e dercreve os mais pequenos pornenores para depois entrar na ausência. Procura-se individualizar pintura e desenho, atribuindo-lhe funções diversas.
 



referèncias à pintura em páginas da internete
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